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Nascer, crescer, casar, ter filhos. Aquele roteirinho que a gente aprende desde de criança que temos que seguir na vida é mesmo o caminho da felicidade e realização pessoal?
Em um país em que as estatísticas entregam um número cada vez maior de mães que se veem sozinhas para criar seus filhos por que os pais simplesmente optaram por se esquivar da responsabilidade, a opção de maternar precisa ser encarada realmente como opção, e não uma consequência natural da vida como o senso comum parecia sussurrar na consciência das pessoas.
Mas afinal, é possível para uma mulher sentir-se realizada sem ser mãe?
Para Roseli Corso, 54 anos, mãe de um jovem adulto de 22 anos, "Ser mãe sem dúvida é algo único e divino!
Contudo realização para mim, não tem a ver com maternidade!
Muitas podem ser as razões para se sentir realizada!
Filhos crescem e seguem suas próprias vidas!
Um privilégio ser mãe! Ainda que cheio de preocupações! Acredite é como sentir seu coração literalmente batendo fora do peito!
Mas antes de ser mãe você é você!
E sua vida precisa ter um sentido além de ser "mãe"
Concluindo: acredito sim, que uma mulher pode sentir-se realizada sem ser mãe!".
Olhando o lado prático das coisas é muito fácil encontrar razões para não ter filhos. E a chegada da mulher ao mercado de trabalho trouxe mais um dilema, pois encontrar um equilíbrio entre ser boa mãe e boa profissional é um grande desafio, principalmente nas classes economicamente menos favorecidas, afinal enquanto a mãe trabalha, quem vai cuidar dessa criança? E quanto isso vai custar. Em uma família em que essa mãe é a única provedora o sonho da maternidade pode se tornar um grande pesadelo.
Te parece justo condicionar o sonho de ser mãe com as condições econômicas das pessoas?
Para Gracieli Limoeiro, 31 anos, " É um grande sonho ser mãe, porém é algo que está deixando de ser uma prioridade. Comecei a ter alguns receios com a maternidade. Ainda com esses receios, ainda quero ter pelo menos um filho." Pois ela entende como essencial para se ter um filho "Ter uma condição financeira razoável, para suprir as necessidades e proporcionar lazeres e ter um bom estado emocional e psicológico". Infelizmente muitas pessoas passam a ter essa clareza somente depois de já estarem com os filhos nos braços.
Em um país rico como o nosso é absurdo a pessoa menos bem paga não tenha condições de suprir necessidades básicas para si e seus filhos. Uma mulher não deveria ter que escolher entre a maternidade e o crescimento profissional mas infelizmente ainda temos que considerar todos esses aspectos. Ironicamente, diante de todo esse contexto, uma mulher que afirma não querer ter filhos ainda é vista com estranheza. Sobre a pressão social em relação a sua decisão Priscilla Giovana Vicente, 41 anos, relata que "Hoje em dia não mais, mas já fui muito criticada principalmente por pessoas que não me conhecem e em uma breve conversa deixo claro que não quero ter filhos, me enfatizam que a mulher veio ao mundo para parir filhos, e não é bem assim, ela pode se realizar sendo mãe ou tendo uma família sem filhos ou até mesmo ser sozinha e muito bem resolvida e feliz. Sempre foi uma questão bem resolvida. Até quando criança eu falava que não queria ser mãe e muitas pessoas riam achando que eu não tinha entendimento suficiente sobre o que eu queria da vida, mas ao contrário do que pensavam: eu já sabia o que queria da minha vida e sempre tive opinião forte sobre o que fazer enquanto eu estiver neste mundo."
Para Luana Jamile Maciel, 22 anos, a pressão para ser mãe é percebida nitidamente, como relata:" Sim, muita cobrança, principalmente da minha sogra e minha mãe . Com isso acabo me cobrando demais para ter filhos sem estar pronta para isso. Penso que as pessoas acham que as mulheres tem que ter filhos, se está em um relacionamento e não tem filho é porque não podem, se está solteira é porque nenhum homem quer. Enfim, com isso acabamos sob pressão, acabamos com uma ansiedade sem fim.
Quando questionada sobre se considera a possibilidade de ser mãe, Daniela Daiane Probst Capelett, 33 anos, declara: "Nunca tive desejo de ser mãe, uma época senti curiosidade de como era sentir o bebê na barriga, mas logo passou. Mas nunca me vi sendo mãe. Minha mãe sempre me criou de forma independente, trabalhando, não dependendo de ninguém, de certa forma influenciou na parte em que se eu tivesse filho dificultaria um pouco o processo de estudar e tudo mais".
Até que ponto nossas escolhas são essencialmente nossas ou fruto do contexto em que vivemos, da forma como fomos educadas, das crenças que temos ou das barreiras que a nossa situação econômica impõe?
Dentre as muitas crenças a serem desmistificadas uma que ainda segue muito forte é o mito de que a mulher tem um dom natural para ser mãe e que ele magicamente aparece com o nascimento do filho. O fato é que sendo homem ou mulher, tendo um útero ou não, qualquer pessoa que conviva com uma criança desde seu nascimento e esteja de fato comprometida com o seu desenvolvimento, aprenderá a cuidá-la da melhor forma possível.
Como relata Luane Machado Alves, 23 anos, mãe de um menino de 6 anos" Para mim, foi tudo muito novo. Acho que o instinto materno realmente aflora quando nasce o bebê, porque a maior preocupação é manter aquela pessoinha viva e bem, mas os laços afetivos e o “amor” incondicional são sentimentos que vão sendo construídos a partir das trocas afetivas do dia a dia. A gente se preocupa muito em cuidar em um primeiro momento, mas a partir desse contato, vão sendo construídos laços muito fortes. Até que um dia você olha aquele serzinho e pensa “eu amo você mais do que tudo”.
Um relato não muito diferente de Adrieli Camargo, 38 anos, mãe de uma adolescente de 14 anos: " No meu caso com minhas inseguranças e medos enquanto eu gestei, veio primeiro o instinto de proteção de querer cuidar,porque foi uma coisa que eu fiz então eu precisava cuidar. O amor mesmo veio com tempo, lembro que ela era bebê e eu ficava contando os dedinhos dela enquanto dormia ou vendo a curvinha do nariz dela, foi aí que o amor completou o sentimento de proteção.
Mas eu acho que tudo depende do ambiente ao redor da gestação. Por mais que eu tenha recebido apoio dos meus pais, sentia que eu e a criança éramos intrusos, que o certo era estar grávida na minha casa com meu marido e esses pensamentos não deixavam eu ter outros como o amor instantâneo pelo bebê que estava chegando.
Mas afinal, qual a sua opinião sobre o tema?
Colunista Noéli de Lima
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