É comum escutar em conversas entre amigos e família, sobre as grandes façanhas do Futebol masculino, saber de cor a escalação do Brasil da Copa de 1958 ou de 2002, saber em qual ano se deu início da Primeira Copa do Mundo, quem foi o primeiro Campeão Mundial, quais anos o Brasil sagrou-se Campeão da Copa do Mundo, dentre tantas outras façanhas. A História do Futebol dos homens é sempre contada e repetida. Mas e as mulheres? E o Futebol das mulheres?
Tudo se deu pelo longo apagamento e invisibilidade do Futebol praticado por mulheres, ao longo da História. Pesquisadoras brasileiras como Silvana Goellner e Lu Castro se dedicam a buscar historicamente registros e relatos sobre o Futebol Feminino no Brasil.
Um dos primeiros relatos do Futebol praticado por mulheres foi em 1915, no jornal “A Época”, onde noticiou-se a equipe feminina da Vila Izabel F.C, do Rio de Janeiro. Já em 1920, foi publicada na Revista Vida Sportiva, uma foto com a equipe feminina de Natal, mostrando que o Futebol já era praticado por mulheres no nosso país desde o início do séc. XX.
Porém, as coisas começaram a mudar de cena no Brasil e no mundo, onde o Futebol começou a ganhar mais praticantes mulheres, logo um discurso baseado em estudos “médico” e “científico” ganharam espaço para tentar justificar que “o corpo feminino sofreria danos ao aparelho genitor feminino e seu corpo frágil seria embrutecido pelo Futebol”. Esse discurso foi largamente difundido e adotado para respaldar “cientificamente” falas machistas e sexistas sobre a mulher no Futebol. Todo esse discurso culminou em 1941, com a elaboração da Lei 3.199, sancionada por Getúlio Vargas, que proibia a prática de Esportes violentos e “não adaptáveis ao sexo feminino”, tais como Futebol, Rugby, Pólo, Pólo Aquático, corridas de fundo e as lutas. Em 1921 o Futebol Feminino foi banido do Reino Unido pela Football Association. A França, Bélgica, Alemanha e Paraguai foram alguns dos países que também instalaram restrições à modalidade feminina.
Esse Decreto findou-se em 1979, mas apenas em 1983, com a regulamentação do Conselho Nacional de Desporto, que o Futebol voltaria a ser praticado por mulheres e meninas novamente, dando fim a 42 anos de proibição. A pergunta que encerro essa coluna é: O quanto não teríamos avançado no Futebol Feminino se não houvesse essa proibição? Já seríamos Penta no Futebol de Mulheres também?