Sabe aquele frio na barriga só de pensar em falar em público? Pois é... não é fraqueza. Também não é falta de talento, nem ausência de dom, nem “nasci assim, azar o meu”. É programação mental errada, com roteiro errado, assistindo o filme errado dentro da sua cabeça.
E pra começar, bora botar uns mitos para dormir. E sem história de final feliz pra eles, não.
MITO 1: “Falar bem é dom.”
Se fosse, eu já teria visto bebê saindo da maternidade dando palestra TED. Ou dom exige que se tenha uma determinada idade para vir à existência? Isso é uma mentira crua e mal lavada. Porque falar bem é técnica, treino, neurociência aplicada e coragem construída. E enfatizo aqui técnica + repetição. Aristóteles já dizia que não existe excelência sem repetição. Aí entramos noutro mito dentro deste: o de que é preciso um número x de repetições para ser excelente em algo.
MITO 2: "Repete x vezes para ficar excelente".
Números... As pessoas adoram respostas com números. Então, lá vai mais uma bomba: não há um número mágico de repetições para se tornar excelente em algo, pois a eficácia da repetição varia de pessoa para pessoa e depende da complexidade da habilidade e do método utilizado.
MITO 3: “Se der branco, finge que não aconteceu.”
Só que não, porque a plateia percebe. E quando você tenta fingir que não percebeu, a plateia finge que acredita. De novo: só que não. Qual a solução, então? Assume, respira, faz piada e segue. Isso sim, colega, gera conexão. E quem conecta, convence.
MITO 4: “O importante é não errar.”
Para, né? Gente chata, travada, perfeita, ninguém aguenta. Perfeição não conecta. Vulnerabilidade conecta. O jogo não é sobre errar ou não errar. É sobre se conectar com quem te escuta.
MITO 5: “Imagina a plateia pelada...”
Essa sugestão absurda surgiu de onde, gente? Por favor, né? Além de não ajudar, você corre o risco de ficar desconcentrado, traumatizado, ou rindo no meio da sua própria fala. Melhor evitar...
Então, bora combinar uma coisa aqui, entre nós? Falar em público não é pra gente perfeita. Nem pra gente que nasceu com “dom místico”. É pra quem entende que comunicação é ferramenta, é treino, é estratégia, é músculo que se desenvolve. E mais: é pra quem escolhe conexão acima da ilusão da perfeição.
Se até agora você acreditava nesses mitos, parabéns. Você acaba de enterrá-los - e, junto com eles, enterra também o medo, a trava e aquele roteiro furado que sua mente te fazia assistir. Bora para prática. Bora pra vida real. Bora pra comunicação sem mimimi?
Dellair Borges